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O pequeno montanhês de La Motte (2° Parte)
22/03/2018 - O pequeno montanhês de La Motte (2° Parte)
Paradis, 24 de junho de 1855

... Nunca vi meu certificado de batismo e creio que não existe, pois, por causa da Revolução, o pároco de La Motte, que fez o juramento republicano em 1794, deixou a igreja da aldeia e não se realizou mais nenhum serviço religioso, na igreja, até 1803. Durante todos esses anos, a igreja serviu de depósito.
 
O meu pai contava que dois padres resistentes, permanecendo fiéis à Igreja de Roma e ao Papa, percorriam a região, clandestinamente, e mantinham os serviços religiosos. Foi um deles que me batizou, no mesmo dia do meu nascimento, parece, mas para ter certeza de que os documentos que o comprometiam não caíssem nunca nas mãos dos revolucionários, não se escrevia nada, e cada qual confiava na tradição oral. Isso explica a razão pela qual eu não tenho certificado de batismo. Esta falta não causou nenhum problema quando entrei para os Irmãos do Sagrado Coração porque estavam habituados com este tipo de situação, na França.
 
O meu pai dizia que minha mãe, Victoire Gonsolin, era muito bondosa e piedosa. Mas dela tenho apenas raras e curtas lembranças de infância porque não tinha ainda quatro anos quando ela morreu, em 3 de maio de 1805, com apenas 35 anos.
 
Este ano de 1805 foi muito difícil para meu pai, porque houve uma epidemia na região. Em sete meses, esta epidemia levou minha mãe, a minha irmã Virginie, com 7 anos, e o meu irmão Napoleão, que tinha apenas 12 meses. Anos depois, em 1813, quando tinha 12 anos, a minha irmã mais velha, Maria, morreu também com apenas 18 anos. Fui o único sobrevivente dos filhos; tinha tanta saudade deles.
 
Meu pai soube me consolar, dizendo-me que estavam no céu com Jesus e Maria, que eles estavam no céu com Jesus e Maria, que eles estavam pensando e rezando por nós. Meu pai era um grande cristão. No vilarejo, ele foi apelidade de “João, o Piedoso”. Foi um elogio merecido, eu acho.
 
Meu pai logo se casou, novamente, com Marie-Rose Pellegrin, no final de novembro de 1805, provavelmente porque ele queria me dar uma nova mãe, pois eu tinha apenas quatro anos, mas também porque as candidatas não faltaram. Muitos homens e rapazes foram para a guerra, sob Napoleão, e morreram em batalha. Isso deixou muito mais mulheres que homens. Então, eu tenho um meio irmão, Josep, mais novo com cinco anos.
 
Esta nova esposa era realmente uma boa mãe para mim. Tanto quanto me lembro, nunca fui para cama, em casa, sem recitar o rosário. Era minha mãe que recitava, permanecendo sentada. Meu pai rezava de joelhos ficando reto, convidando-me para rezar pelo menos uma dezena ajoelhado, ao lado dele e, então, quando eu era pequeno, eu podia sentar-me no colo da mãe. Às vezes eu rezava todo o rosário ajoelhado ao lado de meu pai, para ser como ele, principalmente quando ele me dizia, por exemplo: “ Hoje é sexta-feira, faz um pequeno sacrifício para consolar Jesus ou para fulano que, na aldeia, está doente...” Ele tinha dificuldades em convencer-me. Quando aprendi de cor a “Ave Maria”, eu gostava de recitar a primeira parte, e meu pai e minha nova mãe respondiam.
 
Eu não sei Patrick, se você gosta de conhecer a história dos meus antepassados, mas disseram-nos que a presença de uma família Gondre em Hautes-Alves já apareceu no cadastro de 1444 e que possuía terras na região. Nos registros de La Motte encontra-se o nome Gondre mesmo antes do ano 1600.
 
O nome Gondre é a forma francesa de “Gundred” nome de origem germânica, composto do prefixo: Gund que significa batalha e Rad que significa conselhos. Assim, a família Gondre, como muitas outras famílias que vivem nos Alpes franceses, é descendentes dos bárbaros, mais precisamente, os “Burgondes”, um povoado de pastores, que também praticavam o cultivo da terra e eram hábeis no trabalho com madeira. Isso pode explicar porque meu pai era marceneiro, pedreiro e carpinteiro...


Continua em breve...



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